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O final do juízo ou o juízo final?

Desde quando eu era bem pequenininha e ia nos aniversários dos meus coleguinhas, meus pais já me deixavam na festa e mandavam um "juízo, hein?!". Como se uma criança de seis anos soubesse ao menos a definição disso. A verdade é que ninguém nunca define isso pra você. Ou olhamos no dicionário ou criamos a nossa própria ideia do que é ser uma pessoa ajuizada baseados nos valores ensinados pelos nossos pais. 
E é por volta dos 18 anos que o juízo realmente começa a nascer. O meu começou antes, por volta dos 16, porém eu completei minha maioridade sem os ter por completo. E quem diria que ter juízo era algo tão doloroso e ao mesmo tempo tão inútil?
Ah, minha gente... e a verdade é que se precisa de uma boa dose de juízo para se chegar à decisão de nos livrarmos do próprio. E foi meu próprio pai quem me fez perder metade o discernimento. 
Em plena sexta feira das minha pacatas férias me encontro na temida cadeira de dentista. Até aí tudo bem. Primeiro que o dentista era meu pai. Segundo que eu já tinha ido algumas vezes ao dentista, já tinha usado aparelho, feito selante, arrancado meus dentinhos de leite...Terceiro que eu sempre achei bobo esse medo que as pessoas tem de dentista, afinal ele é um profissional que apenas está cuidando da saúde alheia. 
Foi a primeira vez que eu tomei anestesia na minha vida. E eu já fui com aquela ideia tola porém engraçada de que eu ia ficar grogue como naqueles vídeos que a gente vê por aí.
(Fica aqui o meu preferido deles, hahahahaha. "I feel like a unicorn just took me on a ride to a magical palace...")


Pras pessoas que conhecem o meu pai, já sabem que ele tem todo um repertório de piadinhas bestas, daquelas que alguém ri por dó ou pelo jeito que se conta. A verdade é que meu pai vive num bom humor constante, e eu gosto disso. Mas não quando eu me encontro na poltrona da tortura.  
Eu acho que finalmente entendi o pânico que algumas pessoas tem de profissionais odontológicos: nenhuma pessoa deitada numa cadeira desconfortável, com duas pessoas te olhando e mexendo na sua boca morta, mandando você abrir mais e mais, com aumento constante do torque, fica numa boa! Isso sem entrar no mérito dos instrumentais. Se compararmos alguns com instrumentos de tortura medieval serão de fato muito parecidos. Mas não estou aqui pra tirar o ganha pão do meu pai, afinal em cerca de meia hora eu já havia perdido metade do meu juízo, sem dor e com amor!
Saí do consultório sem sentir nada na minha boca. Língua, gengiva, o que é isso após uma anestesia que se sente até na orelha?! Eu não conseguia discernir se eu estava com a boca fechada ou aberta. Parecia que a falta de juízo já estava me afetando!
Para não perder o costume de algo sempre dar errado, o calor araçatubense me fez passar mal, uma tonturinha de leve. Na verdade acho que isso deu bem certo, pois meu pai, com dó, comprou muito sorvete. Resultado: parei de sofrer com o juízo mas virei uma baleia. 
E podem passar mais 10, 20, 30, 40 ou 50 anos, meus pais ainda vão me dizer "Juízo, hein?!" toda vez que eu estiver saindo. E que juízo tenho eu, que de cada 10, 8 coisas eu faço errado? Mas são erros gostosos, que me ajudam a me encontrar, a perceber quem sou, e a criar um juízo indolor, que me salvará de dores futuras. 
Mas por enquanto, Juízo pra mim é pinga de sabor. A melhor maneira de tomá-lo e de certa forma, criá-lo! 



Então é isso gente! Vocês já tiraram os sisos? Como foi a experiência?
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